A Fisioterapeuta
Tereza estudava fisioterapia. Queria, na verdade, seguir a tradição da família, do pai e do avô, de fazer shiatsu e acupuntura. Iria terminar a faculdade e tentar estudar um tempo no Japão. A família era do interior, morava sozinha num “apertamento” perto da faculdade. Levava uma vida regrada e controlada. Levantava todo dia no mesmo horário, às seis da manhã, estudava um pouco, ia para a faculdade. Primeira aluna da turma. Participava de várias atividades extra-curriculares. Não comia lanches nem tomava refrigerantes, tinha uma dieta monótona de arroz, peixe e legumes. Depois da faculdade, voltava para casa e estudava mais. Centro Acadêmico, Atlética, festas e baladas da turma, jamais. Sua única diversão era alugar filmes em japonês, úteis para ficar mais fluente no idioma. Aos 21 anos ainda era virgem e se orgulhava disto: namorar, sexo e essas coisas eram tentações que a desviariam de seu objetivo de vida. Tereza seria uma mulher desinteressante, que facilmente passaria desapercebida na faculdade, se não fosse por um detalhe: era uma sansei linda, que chamava muito a atenção.
Vivian Hsu
Marco era residente do segundo ano de ortopedia. Queria, na verdade, fazer qualquer outra coisa, mas o pai, ortopedista famoso, forçou sua carreira. Cumpria suas obrigações de residente, mas seu negócio mesmo era “papar” as colegas, as enfermeiras e as fisioterapeutas. Vivia nas baladas, mais de uma vez foi direto para o hospital vindo de uma boate. Nunca namorou, não conseguiria ser homem de uma mulher só. Como cedeu à vontade do pai, morava, às custas dele, em um belo flat perto do hospital, ganhou um Audi quando entrou na residência e tinha todo dinheiro que precisava para custear seu caro estilo de vida. Marco mereceria apenas um rótulo de “mauricinho galinha” se não fosse por um detalhe: tinha uma empatia, uma compaixão enorme pelos pacientes, que o adoravam. Dava uma atenção incomum em hospital público a todos, desde crianças até velhos alcoólatras moradores de rua.
Tereza estava passando pelo estágio na Ortopedia, foi quando Marco a conheceu. Pensou: “preciso comer esta japinha, ela é um tesão!”. Tereza também pensou: “que mauricinho galinha babaca”. Marco tentou de tudo, mas Tereza o desprezava. E, quanto mais ela o desprezava, mais ele a queria, era uma questão de honra.
Tereza estava atendendo na enfermaria, quando Marco foi conversar com o paciente do leito ao lado. Um senhor que fora atropelado, com uma fratura complexa na perna direita. Tinham tentado de tudo, mas as artérias da perna foram lesadas e a perna teria que ser amputada. Marco, o residente do caso, tinha que dar a notícia ao paciente, que entrou em pânico, inconformado. Ficou mais de uma hora com ele, tentando confortá-lo, explicando que, com uma prótese, poderia voltar a andar e levar uma vida normal. Tereza ficou comovida com a compaixão que Marco, sinceramente, demonstrou pelo paciente. Passou a vê-lo com outros olhos. Aceitou o vigésimo-quinto convite para saírem.
Marco, arguto, levou-a ao melhor restaurante japonês de São Paulo. Cavalheiro, atencioso, gentil. Pediu que ela o ajudasse a escolher seu prato. Conversaram muito, mas Tereza sempre fugia dos assuntos pessoais e levava a conversa para o hospital, profissão, formação. Além da beleza, começou a admirá-la em sua determinação, pela sua paixão pela profissão. Tereza percebeu que o “mauricinho galinha” era um “gentleman” com bom coração e estava fascinada pela vida de luxo a que tinha acesso. Marco questionou seus valores. Tereza também. Conversaram tanto que foram os últimos clientes a deixar o restaurante. Pagou a conta e levou-a para casa. Na porta, um “muito obrigado pelo jantar maravilhoso” e um beijo no rosto. Marco, “galinha” profissional, pela primeira vez na vida considerou isto um final-de-noite perfeito.
Jantaram juntos mais treze vezes. À medida que ganhavam intimidade, trocavam idéias, reviam suas posições perante a vida, tornando-as relativas e flexíveis. Neste último jantar, Marco convidou-a para ir ao seu flat. Tereza aceitou. Chegando lá, conversaram mais. Marco sabia, a essas alturas, que Tereza era virgem e não quis forçar nada. Mas isto não vinha ao caso, ela já tinha decidido que Marco seria seu primeiro homem. Tudo fluiu com muita naturalidade. Beijos, carícias, peças de roupa caídas ao lado do sofá. No quarto, mais beijos e carícias, roupas íntimas caídas ao lado da cama. Marco sentiu o calor de seus lábios, a turgidez de seus mamilos, o mel do seu sexo. Rompeu seu hímen com carinho e delicadeza. Fez com que a dor se transformasse em prazer. Ele gozou, ela não. Na segunda vez, os dois gozaram. Gozaram uma terceira vez. Tereza dormiu lá naquela noite e chegou atrasada pela primeira vez na faculdade – gozaram uma quarta vez pela manhã.
Começaram a namorar. Marco, pela primeira vez, era homem de uma mulher só. Tereza descobriu que a vida é muito mais que estudar e trabalhar.
Depois de um ano, eram noivos. Tereza foi aceita para um curso de um ano de shiatsu no Japão. Marco conseguiu um estágio no serviço de ortopedia de um hospital na mesma cidade. Casaram antes de viajar.
Hoje moram em Bastos, no interior de São Paulo, onde Tereza continua a clínica de shiatsu e acupuntura do pai e do avô, e Marco é o ortopedista mais famoso da cidade.
Vivian Hsu
Marco era residente do segundo ano de ortopedia. Queria, na verdade, fazer qualquer outra coisa, mas o pai, ortopedista famoso, forçou sua carreira. Cumpria suas obrigações de residente, mas seu negócio mesmo era “papar” as colegas, as enfermeiras e as fisioterapeutas. Vivia nas baladas, mais de uma vez foi direto para o hospital vindo de uma boate. Nunca namorou, não conseguiria ser homem de uma mulher só. Como cedeu à vontade do pai, morava, às custas dele, em um belo flat perto do hospital, ganhou um Audi quando entrou na residência e tinha todo dinheiro que precisava para custear seu caro estilo de vida. Marco mereceria apenas um rótulo de “mauricinho galinha” se não fosse por um detalhe: tinha uma empatia, uma compaixão enorme pelos pacientes, que o adoravam. Dava uma atenção incomum em hospital público a todos, desde crianças até velhos alcoólatras moradores de rua.
Tereza estava passando pelo estágio na Ortopedia, foi quando Marco a conheceu. Pensou: “preciso comer esta japinha, ela é um tesão!”. Tereza também pensou: “que mauricinho galinha babaca”. Marco tentou de tudo, mas Tereza o desprezava. E, quanto mais ela o desprezava, mais ele a queria, era uma questão de honra.
Tereza estava atendendo na enfermaria, quando Marco foi conversar com o paciente do leito ao lado. Um senhor que fora atropelado, com uma fratura complexa na perna direita. Tinham tentado de tudo, mas as artérias da perna foram lesadas e a perna teria que ser amputada. Marco, o residente do caso, tinha que dar a notícia ao paciente, que entrou em pânico, inconformado. Ficou mais de uma hora com ele, tentando confortá-lo, explicando que, com uma prótese, poderia voltar a andar e levar uma vida normal. Tereza ficou comovida com a compaixão que Marco, sinceramente, demonstrou pelo paciente. Passou a vê-lo com outros olhos. Aceitou o vigésimo-quinto convite para saírem.
Marco, arguto, levou-a ao melhor restaurante japonês de São Paulo. Cavalheiro, atencioso, gentil. Pediu que ela o ajudasse a escolher seu prato. Conversaram muito, mas Tereza sempre fugia dos assuntos pessoais e levava a conversa para o hospital, profissão, formação. Além da beleza, começou a admirá-la em sua determinação, pela sua paixão pela profissão. Tereza percebeu que o “mauricinho galinha” era um “gentleman” com bom coração e estava fascinada pela vida de luxo a que tinha acesso. Marco questionou seus valores. Tereza também. Conversaram tanto que foram os últimos clientes a deixar o restaurante. Pagou a conta e levou-a para casa. Na porta, um “muito obrigado pelo jantar maravilhoso” e um beijo no rosto. Marco, “galinha” profissional, pela primeira vez na vida considerou isto um final-de-noite perfeito.
Jantaram juntos mais treze vezes. À medida que ganhavam intimidade, trocavam idéias, reviam suas posições perante a vida, tornando-as relativas e flexíveis. Neste último jantar, Marco convidou-a para ir ao seu flat. Tereza aceitou. Chegando lá, conversaram mais. Marco sabia, a essas alturas, que Tereza era virgem e não quis forçar nada. Mas isto não vinha ao caso, ela já tinha decidido que Marco seria seu primeiro homem. Tudo fluiu com muita naturalidade. Beijos, carícias, peças de roupa caídas ao lado do sofá. No quarto, mais beijos e carícias, roupas íntimas caídas ao lado da cama. Marco sentiu o calor de seus lábios, a turgidez de seus mamilos, o mel do seu sexo. Rompeu seu hímen com carinho e delicadeza. Fez com que a dor se transformasse em prazer. Ele gozou, ela não. Na segunda vez, os dois gozaram. Gozaram uma terceira vez. Tereza dormiu lá naquela noite e chegou atrasada pela primeira vez na faculdade – gozaram uma quarta vez pela manhã.
Começaram a namorar. Marco, pela primeira vez, era homem de uma mulher só. Tereza descobriu que a vida é muito mais que estudar e trabalhar.
Depois de um ano, eram noivos. Tereza foi aceita para um curso de um ano de shiatsu no Japão. Marco conseguiu um estágio no serviço de ortopedia de um hospital na mesma cidade. Casaram antes de viajar.
Hoje moram em Bastos, no interior de São Paulo, onde Tereza continua a clínica de shiatsu e acupuntura do pai e do avô, e Marco é o ortopedista mais famoso da cidade.