Garoto de Programa Mais Ela
L.D.K.
Depois de terminar a matéria sobre mulheres e garotos de programa, meu conceito sobre a questão havia mudado. Pude entender melhor as mulheres que pagam para ter prazer com homens que elas nunca viram na vida, assim como fazem, e sempre fizeram, os homens. Muitas relutaram em falar, mesmo sem ter suas fotos e identidades verdadeiras publicadas na revista feminina para a qual eu escrevia, outras falaram pouco e senti insinceridade ou exageros em vários relatos, mas guardo comigo uma “confissão” em especial. O texto a seguir é a transcrição integral do relato de uma pessoa que, por sua sinceridade e boa vontade, me despertou para uma concepção maior sobre sexo e liberdade. (Minhas perguntas estão em off, para que não interfiram/quebrem seu relato.)
“Não sei exatamente quando comecei a fantasiar essa idéia de sair com garotos de programa... acho que foi depois que meu namorado – eu namorava ele fazia uns dois anos – me contou que saía com prostitutas...
Não, não foi por vingança. Na época lembro que fiquei chateada, mas fazer o quê? Eu gostava muito dele e continuamos juntos por mais um ano e meio mais ou menos. Conversamos sobre isso, ele me falou que sentia tesão em transar com garotas diferentes, mas que o que ele sentia por mim era diferente, que, além de me desejar, ele me amava pela pessoa que eu era. Acho que era verdade. Não sei se ele continuou saindo com prostitutas, mesmo estando comigo... quando eu perguntava, ele dizia que tinha parado, que aquilo tinha perdido a graça. Foi mais ou menos nessa época que comecei a pensar qual seria a sensação de transar com alguém diferente, não estando envolvida emocionalmente com essa pessoa. Uma amiga que já tinha saído com um garoto de programa contou que tinha sido ótimo, que o cara era lindo, que parecia um modelo, olhos verdes, alto, etc., e me imaginei podendo ‘comprar’ um Gianecchini [referindo-se ao ator Reynaldo Gianecchini] [risos].
O tipo físico que me atrai? Não tem um tipo físico específico, mas gosto de homens com rostos bonitos e, se tiver um bom papo, melhor ainda.
Realizar a minha fantasia não foi tão difícil quanto assumir para mim mesma que eu tinha vontade de fazer aquilo, sabe? Porque ainda existe muito preconceito contra mulheres que pagam para sair com garotos de programa e eu me sentia mal, achava que aquilo era o fim da picada... por que pagar para sair com um homem, sendo que eu poderia conquistar algum cara legal numa boate, numa festa, para depois rolar uma transa... Ah, nessa época eu já tinha terminado com meu namorado fazia um tempo. Mas não sei, acho que não era carência. Era mais curiosidade...
Eu procurava em anúncios de jornais, de revistas, na Internet. Na Internet era mais prático porque tem fotos e o perfil, inclusive o dote dos caras [risos] e você pode escolher melhor... aí marquei com um garoto de programa que parecia ser bem sexy, moreno, parecia um pouco com o Paulo Zulu... encontrei o anúncio dele num site... nos falamos por telefone, combinamos que eu passaria para pegá-lo num shopping para irmos para um motel... e fomos. E aí aconteceu...
Você me acha bonita?! [risos] Obrigada. Lembro de ele ter me perguntado algo do tipo, mas não lembro bem... comentou que me achava atraente e que se não estivesse precisando do dinheiro para pagar a pensão para filha até transaria comigo de graça [risos], acho que foi um elogio. Mas acho que sim, ele ficou surpreso por eu não ser tão trash... assim, por eu não ser horrível, fisicamente falando, e deve ter se perguntado por que alguém como eu estaria pagando para fazer sexo... ah é, falou que gostava de orientais, mas aí eu já não sei se era verdade ou ele só estava falando isso porque eu estava pagando. As prostitutas também devem mentir para os homens, né? Falar coisas do tipo: ‘Como você é bem dotado’ ou ‘Como você trepa bem!’... mas porque é o cliente que está pagando...
É... passei para pegar ele na porta de um shopping. Acho que ele morava ali perto e ficou de me esperar lá. Perguntei se ele sabia de algum motel bom, e ele indicou um que eu não conhecia e fomos para lá. Parecia uma pessoa legal, foi falando umas coisas engraçadas porque eu estava um pouco apreensiva, acho...
No quarto do motel ele pediu vinho. Bebemos. Falei que queria tomar um banho primeiro. Ele disse que tudo bem, que ficaria esperando na cama, ‘se animando’ com os filminhos. Então eu fui para o banheiro e entrei no chuveiro. Eu estava lá, estava feliz, a minha fantasia estava prestes a se realizar... foi quando ele entrou de mansinho no banheiro. Estava só de cueca e, vendo o volume dele, através da cueca, comecei a ficar excitada. Ele falou algo do tipo: ‘Também quero tomar banho’, com uma cara de sacana, jogou a cueca num canto e foi entrando embaixo do chuveiro comigo. Foi bem excitante, sabe... ele ensaboou as minhas costas, acariciando meus seios e eu também acariciava o membro dele...
Não, não... tudo bem falar sobre isso...
Ainda no chuveiro eu me ajoelhei e chupei o pau dele, que já estava meio duro. Ele era todo bom, muito gostoso, tesudo mesmo. Enquanto chupava ele, eu sentia que ia ficando cada vez mais excitada também, o que achei que não fosse acontecer com tanta facilidade... aí ele gozou em mim, nos meus seios... e depois me ensaboou e me lavou de novo... foi tudo muito gostoso. Ainda embaixo do chuveiro ele me tocou, me masturbou um pouco. Nessa hora eu já estava subindo pelas paredes de tanto tesão. E falei que queria que ele me comesse. Aí a gente foi pra cama. Ele me enxugou um pouco... ah, fez uma coisa que parece de filme... ele deve fazer com todas isso... passou a toalha pela minha cintura e me puxou, com a toalha, para junto dele, para que eu sentisse como ele estava duro... foi bastante excitante.
Na cama fizemos um meia-nove maravilhoso. Não sei bem o que ele fazia com a minha xana... ele abria ela com os dedos e fazia umas ‘mágicas’ com a língua, era muito bom. Eu também gosto de boquete, então acho que ele também sentiu prazer. Aí ele me perguntou se eu tinha uma posição preferida... falei que gostava de todas as posições. Nessa hora senti uma certa impessoalidade, porque estava acostumada com parceiros que já sabiam as minhas preferências e a pergunta dele meio que quebrou o clima. Mas tudo bem. Ele me comeu de quatro... entrou em mim com bastante carinho e, conforme eu pedia, ele aumentava a intensidade, até que gozei. Foi ótimo. Depois de um tempo ele me comeu de ladinho – falou que era a posição preferida dele –, fizemos de pé também. Fiquei de costas, com as mãos apoiadas na parede...
Foi uma experiência ótima. A única coisa que achei estranha, no começo, foi que não rola muito carinho depois, um abraço, um afago, beijinhos... diferente do que acontece quando você está com um namorado ou com algum parceiro que você conhece há algum tempo, por exemplo. Mas com isso eu já me acostumei. Nessa primeira vez, ficamos deitados, em silêncio... mas não me importei tanto, eu estava um pouco cansada. O cara era fera, fazia muito bem. Ele era bem... hã... profissional, digamos assim.
Ah, sim. Usamos camisinha. Acho essencial, mesmo quando eu namorava fixo, sempre usei. Ele tinha um monte e eu também tinha comprado umas dez [risos].
No fim? Bom, eu deixei ele no mesmo shopping onde ele tinha ficado me esperando e não senti culpa, nem me senti mal... eu estava bem... tinha sido uma transa ótima, uma das melhores da minha vida. Acho que porque eu não me preocupei tanto com o prazer dele, estava mais concentrada no meu prazer e ele também prestava atenção no meu corpo para fazer as coisas.
Saí com mais uns dez garotos de programa. Com esse primeiro não voltei a sair. Cheguei a ir a shows e fazer programas mais light com alguns antes de irmos pra cama... isso aconteceu algumas vezes, sair e transar com um mesmo cara, mas procuro não sair sempre com a mesma pessoa, para não me apegar. Me envolver afetivamente com um garoto de programa seria complicado.
Acho que todo mundo quer e busca isso, um ‘amor para vida inteira’... mas enquanto não encontro esse amor, estou tentando me descobrir mais, ter experiências sexuais diferentes para ter mais consciência da minha sexualidade, saber o que me agrada, saber do que gosto e do que não gosto... Acho importante isso, a gente se descobrir.
É ‘só’ isso que você queria saber? [risos]
O prazer foi meu. Espero ter contribuído para sua matéria.”
L.D.K., 27 anos, publicitária
[Relato gravado em São Paulo, no apartamento da entrevistada, em março de 2001 e transcrito por mim, especialmente para este flog.]
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