Entre As Quatro Paredes Do Consultório
Para M., com gratidão e carinho
Abriu a agenda sobre a mesa para verificar as consultas do dia e, ao bater os olhos no horário das onze, sentiu um frio na barriga.
Hanna.
Era a primeira pessoa com esse nome que atendia e, quando ela entrou em seu consultório pela primeira vez, quase não pôde conter a surpresa ao ver seus traços orientais, tão incomuns naquela região do país. Era uma pessoa educada, reservada, e demonstrava uma sensibilidade aguçada, o que, de certa forma, instigava sua curiosidade.
Ela vinha por causa de uma hérnia umbilical. Nada que uma pequena cirurgia não resolvesse. Tudo seria muito simples, mas ele se sentia perdido. Não conseguia se concentrar enquanto conversava com ela, seu olhar escorria discretamente por sua boca, pescoço, colo, braços. Espasmos de desejo.
***
Hanna entrou um tanto constrangida, pediu desculpas pelo atraso, não conseguira sair antes da faculdade. Ele sorriu, disse que não tinha problema. Cumprimentou-a e observou resquícios de tinta em sua mão.
— Ah, desculpa a sujeira... tive que terminar um quadro antes de vir, saí correndo da aula e não tive tempo de me limpar direito...
Estava encantado com ela.
— Tudo bem, sem problemas. Pode sentar – indicou a poltrona à sua frente, do outro lado da mesa.
Depois de dar uma olhada nos exames, que não revelavam nenhuma anormalidade, começaram a conversar. Se ela não fosse sua paciente, poderia convidá-la para sair. Não era justo. A guria mais linda. Tentou esquecer a “ética profissional”, pensou em convidá-la para ir ao Studio Clio, mas não conseguiu. Não era ético. Continuou ouvindo o que ela dizia, até que ela fez uma pausa, desviou o olhar para baixo e, hesitante, prosseguiu:
— Eu tenho um segredo... – os dedos se entrelaçavam sem parar, nervosismo evidente.
— Não precisa ter medo, diga...
Tornou a olhá-lo nos olhos.
— O que eu disser aqui, morre aqui?
— Naturalmente, sim.
— Eu sou... transexual...
Ele disfarçou o desconcerto inicial e, depois de alguns segundos, pediu para que ela explicasse melhor o que acabara de dizer. Ela poderia estar enganada de alguma forma, poderia ter uma concepção diferente do que vinha a ser “transexual”, ou talvez ele próprio quisesse que aquilo fosse um equívoco. Ouviu-a pacientemente, conversou com ela, comentou que aquela informação não era relevante para a cirurgia que se seguiria e que ela não se preocupasse. Sentiu que ela estava mais aliviada. E surpreendeu-se, pois o que sentia por Hanna não fora alterado nem diluído - continuava encantado com ela da mesma forma que antes.
Conduziu-a para a mesa de exame, ajudou-a a subir os degraus da pequena escada e sentar-se na mesa. Enfiou as mãos nos bolsos avental, como se procurasse algo que sabia não estar lá para disfarçar o nervosismo. Sentiu suas pernas tremerem ao se aproximar dela. Não se lembrava de ter sentido isso com nenhuma outra mulher, não tinha mais controle sobre si mesmo. Ao auscultá-la – mãos trêmulas –, um de deus dedos se resvalou em seu seio, ela estremeceu, mas fingiu que nada havia acontecido. Pediu para que ela respirasse profundamente mais uma vez e, desta vez, ela fechou os olhos e suspirou. Era a senha. Soltou a campânula e beijou-a. Ela retribuiu como se tivesse esperado por aquele beijo a vida toda.
— Só um minuto... por favor... me dê um minuto – sussurrou, afastando-se. Ao que ela consentiu com um sorriso.
Jogou o estetoscópio sobre a mesa, trancou a porta que dava para a sala de espera e voltou para Hanna. Dessa vez, ela puxou-o para si pela gola do avental e beijou-o. Ele sentiu seu membro enrijecer entre as pernas dela. Acariciava seu cabelo, beijava seu pescoço, deslizava as mãos por suas costas, braços, seios, enquanto ela retribuía as carícias e desabotoava o avental, até tirá-lo por completo. Acariciou-a por baixo da blusa, sentiu sua pele macia e arrepiada; não demorou a tirá-la. Puxou o sutiã meia-taça para baixo, para que pudesse acariciar seus seios, agora com a boca. Seus mamilos ficaram durinhos com algumas mamadas. Ele deitou-a sobre a mesa, beijou e lambeu seu ventre despido, desabotoou sua calça e ela deixou que as sandálias caíssem de seus pés para que ele pudesse tirá-la sem dificuldade. Foi baixando a calça de Hanna, enquanto beijava suas coxas... sua pele era clara, macia e levemente perfumada. Agora ela estava só de calcinha. Embora muito excitada, ela se sentiu um pouco constrangida. Ele desistiria dela? Ele era muito bom no que fazia, estava sendo carinhoso como nenhum dos outros poucos parceiros que tivera fora com ela... parecia um sonho. E ela não queria que acabasse antes de chegar ao fim.
Sentiu um arrepio percorrer a espinha. Não sabia o que fazer dali em diante. Como dar prazer a ela? Até onde poderia ir?
— O que eu faço agora? – sussurrou em seu ouvido, enquanto a acariciava por cima da calcinha. — Como tu gostas?
— Faça como gostarias que fizessem contigo... – e antes que ele dissesse qualquer outra coisa, calou-o com um beijo molhado.
Desceu para o ventre dela, tirou lentamente a calcinha vermelha, da mesma cor do sutiã, e superou o receio inicial. Lambeu de leve e depois começou a lambê-lo e chupá-lo com mais vontade... “como gostaria que fizessem com ele”. Ela se contorcia com as carícias recebidas, mas seu membro, menor que a média, não ficava duro. Era assim mesmo? Ela parecia estar sentindo muito prazer, mas não funcionava como ele. Chupou-o até que ela que gozou, mesmo sem ereção. Ela então se levantou, afrouxou sua gravata, desabotoou os botões de sua camisa, já amarrotada, desabotoou sua calça, desceu o zíper e, enfiando a mão dentro da cueca, acariciou seu membro rígido e pulsante. Neste momento a calça já estava nos tornozelos. Queria dar prazer a ele. O mesmo prazer estonteante que ela havia sentido há alguns minutos. Ele continuava a acariciá-la com um certo desespero. Boca e mãos não paravam de buscar prazer. Ela desceu da mesa, ajoelhou-se, baixou a cueca e se pôs a acariciar seu objeto de desejo com a boca. Alternava as lambidas e chupadas entre o pau e as bolas, enquanto as mãos deslizavam por outras partes do corpo. Gostava da sensação de tê-lo rígido em sua boca. Ele gemia, tentando controlar a altura dos sons emitidos. Segurou o gozo. Ergueu-a. Colocou-a de costas para ele, virada para a beira da mesa, segurou-a pela cintura e começou a se esfregar nela. Afastou seu cabelo, beijou seu pescoço, mordiscou sua orelha, beijou sua boca e, ao mesmo tempo, alternava as carícias nos seios e pernas, que as afastou com delicadeza. Depois de um tempo, percebeu que ela começara a se esfregar nele com movimentos lascivos. Afrouxou o abraço e começou a acariciar seu cuzinho com os dedos. Debruçou-a sobre a mesa, fazendo com que seu quadril ficasse em uma altura confortável e, pegando seu instrumento, lubrificou-o com saliva, para, logo em seguida, pincelá-lo na entrada pretendida. Ela não ofereceu resistência e ele continuou com a brincadeira, até que ela se abriu ainda mais e, debruçando-se sobre ela, penetrou-a com cuidado. A pele de suas costas era lisa, sem marcas, macia, como o resto do corpo e ele não conseguia deixar de tocá-la. Não demorou para que ele gozasse dentro dela e, quando ele foi tirar, ela não deixou, ele continuou entrando e saindo dela, agora com movimentos mais lentos, pois o membro já perdera boa parte de sua força. Ela pareceu ter um outro orgasmo de leve e só então ele tirou-o completamente. Quis chupá-la novamente, ela afastou-o delicadamente. Estavam ofegantes, cansados, mas, ao mesmo tempo, queriam mais. Mas naquele momento não seria possível.
Vestiram-se rapidamente. Recompuseram-se.
Ela estava preste a girar a chave da porta, quando ele perguntou, quase adolescente:
— A gente vai se ver de novo?
— Claro, no dia da cirurgia – sorriu.
E se encontraram no dia da cirurgia. E depois, no pós-operatório. E depois. E muitas vezes depois.
Escrito por Sumire
Abriu a agenda sobre a mesa para verificar as consultas do dia e, ao bater os olhos no horário das onze, sentiu um frio na barriga.
Hanna.
Era a primeira pessoa com esse nome que atendia e, quando ela entrou em seu consultório pela primeira vez, quase não pôde conter a surpresa ao ver seus traços orientais, tão incomuns naquela região do país. Era uma pessoa educada, reservada, e demonstrava uma sensibilidade aguçada, o que, de certa forma, instigava sua curiosidade.
Ela vinha por causa de uma hérnia umbilical. Nada que uma pequena cirurgia não resolvesse. Tudo seria muito simples, mas ele se sentia perdido. Não conseguia se concentrar enquanto conversava com ela, seu olhar escorria discretamente por sua boca, pescoço, colo, braços. Espasmos de desejo.
***
Hanna entrou um tanto constrangida, pediu desculpas pelo atraso, não conseguira sair antes da faculdade. Ele sorriu, disse que não tinha problema. Cumprimentou-a e observou resquícios de tinta em sua mão.
— Ah, desculpa a sujeira... tive que terminar um quadro antes de vir, saí correndo da aula e não tive tempo de me limpar direito...
Estava encantado com ela.
— Tudo bem, sem problemas. Pode sentar – indicou a poltrona à sua frente, do outro lado da mesa.
Depois de dar uma olhada nos exames, que não revelavam nenhuma anormalidade, começaram a conversar. Se ela não fosse sua paciente, poderia convidá-la para sair. Não era justo. A guria mais linda. Tentou esquecer a “ética profissional”, pensou em convidá-la para ir ao Studio Clio, mas não conseguiu. Não era ético. Continuou ouvindo o que ela dizia, até que ela fez uma pausa, desviou o olhar para baixo e, hesitante, prosseguiu:
— Eu tenho um segredo... – os dedos se entrelaçavam sem parar, nervosismo evidente.
— Não precisa ter medo, diga...
Tornou a olhá-lo nos olhos.
— O que eu disser aqui, morre aqui?
— Naturalmente, sim.
— Eu sou... transexual...
Ele disfarçou o desconcerto inicial e, depois de alguns segundos, pediu para que ela explicasse melhor o que acabara de dizer. Ela poderia estar enganada de alguma forma, poderia ter uma concepção diferente do que vinha a ser “transexual”, ou talvez ele próprio quisesse que aquilo fosse um equívoco. Ouviu-a pacientemente, conversou com ela, comentou que aquela informação não era relevante para a cirurgia que se seguiria e que ela não se preocupasse. Sentiu que ela estava mais aliviada. E surpreendeu-se, pois o que sentia por Hanna não fora alterado nem diluído - continuava encantado com ela da mesma forma que antes.
Conduziu-a para a mesa de exame, ajudou-a a subir os degraus da pequena escada e sentar-se na mesa. Enfiou as mãos nos bolsos avental, como se procurasse algo que sabia não estar lá para disfarçar o nervosismo. Sentiu suas pernas tremerem ao se aproximar dela. Não se lembrava de ter sentido isso com nenhuma outra mulher, não tinha mais controle sobre si mesmo. Ao auscultá-la – mãos trêmulas –, um de deus dedos se resvalou em seu seio, ela estremeceu, mas fingiu que nada havia acontecido. Pediu para que ela respirasse profundamente mais uma vez e, desta vez, ela fechou os olhos e suspirou. Era a senha. Soltou a campânula e beijou-a. Ela retribuiu como se tivesse esperado por aquele beijo a vida toda.
— Só um minuto... por favor... me dê um minuto – sussurrou, afastando-se. Ao que ela consentiu com um sorriso.
Jogou o estetoscópio sobre a mesa, trancou a porta que dava para a sala de espera e voltou para Hanna. Dessa vez, ela puxou-o para si pela gola do avental e beijou-o. Ele sentiu seu membro enrijecer entre as pernas dela. Acariciava seu cabelo, beijava seu pescoço, deslizava as mãos por suas costas, braços, seios, enquanto ela retribuía as carícias e desabotoava o avental, até tirá-lo por completo. Acariciou-a por baixo da blusa, sentiu sua pele macia e arrepiada; não demorou a tirá-la. Puxou o sutiã meia-taça para baixo, para que pudesse acariciar seus seios, agora com a boca. Seus mamilos ficaram durinhos com algumas mamadas. Ele deitou-a sobre a mesa, beijou e lambeu seu ventre despido, desabotoou sua calça e ela deixou que as sandálias caíssem de seus pés para que ele pudesse tirá-la sem dificuldade. Foi baixando a calça de Hanna, enquanto beijava suas coxas... sua pele era clara, macia e levemente perfumada. Agora ela estava só de calcinha. Embora muito excitada, ela se sentiu um pouco constrangida. Ele desistiria dela? Ele era muito bom no que fazia, estava sendo carinhoso como nenhum dos outros poucos parceiros que tivera fora com ela... parecia um sonho. E ela não queria que acabasse antes de chegar ao fim.
Sentiu um arrepio percorrer a espinha. Não sabia o que fazer dali em diante. Como dar prazer a ela? Até onde poderia ir?
— O que eu faço agora? – sussurrou em seu ouvido, enquanto a acariciava por cima da calcinha. — Como tu gostas?
— Faça como gostarias que fizessem contigo... – e antes que ele dissesse qualquer outra coisa, calou-o com um beijo molhado.
Desceu para o ventre dela, tirou lentamente a calcinha vermelha, da mesma cor do sutiã, e superou o receio inicial. Lambeu de leve e depois começou a lambê-lo e chupá-lo com mais vontade... “como gostaria que fizessem com ele”. Ela se contorcia com as carícias recebidas, mas seu membro, menor que a média, não ficava duro. Era assim mesmo? Ela parecia estar sentindo muito prazer, mas não funcionava como ele. Chupou-o até que ela que gozou, mesmo sem ereção. Ela então se levantou, afrouxou sua gravata, desabotoou os botões de sua camisa, já amarrotada, desabotoou sua calça, desceu o zíper e, enfiando a mão dentro da cueca, acariciou seu membro rígido e pulsante. Neste momento a calça já estava nos tornozelos. Queria dar prazer a ele. O mesmo prazer estonteante que ela havia sentido há alguns minutos. Ele continuava a acariciá-la com um certo desespero. Boca e mãos não paravam de buscar prazer. Ela desceu da mesa, ajoelhou-se, baixou a cueca e se pôs a acariciar seu objeto de desejo com a boca. Alternava as lambidas e chupadas entre o pau e as bolas, enquanto as mãos deslizavam por outras partes do corpo. Gostava da sensação de tê-lo rígido em sua boca. Ele gemia, tentando controlar a altura dos sons emitidos. Segurou o gozo. Ergueu-a. Colocou-a de costas para ele, virada para a beira da mesa, segurou-a pela cintura e começou a se esfregar nela. Afastou seu cabelo, beijou seu pescoço, mordiscou sua orelha, beijou sua boca e, ao mesmo tempo, alternava as carícias nos seios e pernas, que as afastou com delicadeza. Depois de um tempo, percebeu que ela começara a se esfregar nele com movimentos lascivos. Afrouxou o abraço e começou a acariciar seu cuzinho com os dedos. Debruçou-a sobre a mesa, fazendo com que seu quadril ficasse em uma altura confortável e, pegando seu instrumento, lubrificou-o com saliva, para, logo em seguida, pincelá-lo na entrada pretendida. Ela não ofereceu resistência e ele continuou com a brincadeira, até que ela se abriu ainda mais e, debruçando-se sobre ela, penetrou-a com cuidado. A pele de suas costas era lisa, sem marcas, macia, como o resto do corpo e ele não conseguia deixar de tocá-la. Não demorou para que ele gozasse dentro dela e, quando ele foi tirar, ela não deixou, ele continuou entrando e saindo dela, agora com movimentos mais lentos, pois o membro já perdera boa parte de sua força. Ela pareceu ter um outro orgasmo de leve e só então ele tirou-o completamente. Quis chupá-la novamente, ela afastou-o delicadamente. Estavam ofegantes, cansados, mas, ao mesmo tempo, queriam mais. Mas naquele momento não seria possível.
Vestiram-se rapidamente. Recompuseram-se.
Ela estava preste a girar a chave da porta, quando ele perguntou, quase adolescente:
— A gente vai se ver de novo?
— Claro, no dia da cirurgia – sorriu.
E se encontraram no dia da cirurgia. E depois, no pós-operatório. E depois. E muitas vezes depois.
Escrito por Sumire