Canção Sem Seu Nome
Ela estava sentada, fumando, na mesa de um bar. Abriu a bolsa, procurou pelo batom, queria se ver no espelho. Abriu a caixinha de batom, observou seus próprios olhos, nariz, boca, pele refletidos no pequeno espelho. Havia exagerado na maquiagem, mas, também, fazia parte da encenação. Aquela roupa, a maquiagem, o sentir-se outra pessoa. Só faltavam as luzes, o palco era ali, só que ela havia esquecido o roteiro. Na verdade, a peça seria inventada na hora.
Observava a movimentação, alguns casais entravam, outros saíam, alguns solteiros bebiam na bancada do bar, o pianista tocava algum jazz, enquanto ela continuava a beber e fumar, esperando o próximo ato que nunca vinha.
O pianista lembrava os traços do marido, aliás, ex-marido, aquele filho da puta, pensou. Imagens em “fast forward”, embaralhadas, passeavam em sua mente. Mas ele tinha mesmo que levar aquela puta para nossa cama? Quando abrira a porta e vira os dois trepando, teve vontade de matá-los, mas se conteve e disse apenas: “Vou dar uma volta”. Fria e distante, como se não fosse com ela.
― Boa noite. Posso te acompanhar?
Era um sujeito charmoso, camisa clara e calça escura, cabelo bem penteado e cheiroso. Finalmente poderia passar para o ato seguinte.
Conversaram, beberam, fumaram e se seduziram. Quando ele sugeriu irem para um lugar onde pudessem ficar mais à vontade, ela respondeu, como se já tivesse dito aquilo centenas de vezes:
― Eu cobro quatrocentos por uma hora e quinhentos por duas horas. Esse é o meu preço.
Agora ela e a personagem pareciam se fundir. Até ela se convenceu do que acabara de dizer. Ele pareceu um pouco desconcertado e ela leu em seus olhos: “mas eu nunca pensei que você...”. A vida era assim mesmo, cheia de surpresas, cheia de “nunca pensei que...”. Talvez por já estar tarde demais e ele, excitado demais, aceitou a proposta. Dali a minutos ela saberia o que, provavelmente, a puta que dera para o seu ex sentia todas as vezes em que trepava com clientes.
Já no motel, logo ao entrar no quarto, ele tirou a carteira do bolso, contou as notas e entregou a ela. Nesse momento, sentimentos contraditórios a invadiam... ela se sentia uma verdadeira puta, mas o dinheiro provocava uma volúpia nunca sentida antes; de certa forma, o dinheiro fazia com que se sentisse valorizada – estavam pagando caro para que ela fizesse o que sempre fizera de graça, por amor. Colocou as notas dentro da bolsa e ele comentou:
― Gosto de pagar antes para não ter a sensação de que transei com uma prostituta quando a gente se despedir.
Uma parte dela sentiu pena daquele homem, mas não podia fraquejar. Fez com que ele se sentasse na beira da cama, apagou as luzes, deixando apenas uma meia-luz que iluminava parte de seu corpo. De costas, ouvindo uma música invisível, ela começou a dançar como uma dançarina de boate de um filme que vira há anos. Começou a tirar peça por peça, lentamente, jogando-as para ele. Às vezes, ela olhava para ele por sobre os ombros e, quando percebeu que ele estava se tocando por cima da calça, sentiu um desejo imenso por ele. Ainda de costas, abriu o sutiã, tirando-o com suavidade, e ele pode ver a carpa azul que cobria o seu torso por completo. Estava fascinado. Ela continuou dançando com sensualidade, até que se virou de frente pra ele, mostrando os seios e acariciando-os com prazer. Abaixou a calcinha, devagar, e jogou-a para ele... agora ela estava apenas de sandálias de salto.
― Tira pra mim? – pediu.
E ele logo se pôs aos seus pés, sentindo seu cheiro de fêmea no cio, misturado com um perfume suave, agradável. Enquanto ele tirava suas sandálias, ela acariciava os cabelos dele. Ela o queria. Já sem sandálias, empurrou-o para a cama, e partiu para cima dele, ficando com as pernas em volta de sua cintura. Beijou-o, enquanto abria seu cinto e acariciava-o sobre a calça, sentindo todo seu desejo em suas mãos. Abriu o zíper, tirou-o para fora e chupou-o com vontade e sentia as mãos dele acariciando seus braços, suas mãos. Deixou que ele gozasse em sua boca – as boas profissionais deviam deixar, então, não se importou.
Aos poucos, ela tirou toda a roupa dele e ele a quis, primeiro, de quatro. Enquanto ele colocava a camisinha, ela se pusera de quatro para ele, seu sexo à mostra. Veio por trás, penetrou-a de uma só vez e, depois, com estocadas fortes. Passado algum tempo, ela começou a sentir prazer, gemia e falava algumas coisas sussurradas que ele não compreendia e acabou gozando primeiro que ele.
Depois de descansar, ele a quis de frente, de pé, contra a parede. Ela envolveu-o com um abraço, beijando-o, e ele a possuiu com vontade, sussurrando baixarias em seu ouvido, ao que ela gemia de prazer.
Antes de ir embora, foram para a banheira e se acariciaram bastante antes de transarem pela última vez. Ele sabia fazer massagem, ela ficou encantada. E ele, vendo-a ensaboada na borda da banheira, pensou que ela era a mulher mais linda que ele já tivera.
Quase não se falaram minutos antes da despedida. Cada um partiria em seu carro e provavelmente nunca mais se veriam.
Pronto. Era tudo. Não sentia mais nada. O ódio, a raiva, a indignação, a mágoa, a decepção, a personagem, tudo se esvaíra dela.
Escrito por Sumire
Observava a movimentação, alguns casais entravam, outros saíam, alguns solteiros bebiam na bancada do bar, o pianista tocava algum jazz, enquanto ela continuava a beber e fumar, esperando o próximo ato que nunca vinha.
O pianista lembrava os traços do marido, aliás, ex-marido, aquele filho da puta, pensou. Imagens em “fast forward”, embaralhadas, passeavam em sua mente. Mas ele tinha mesmo que levar aquela puta para nossa cama? Quando abrira a porta e vira os dois trepando, teve vontade de matá-los, mas se conteve e disse apenas: “Vou dar uma volta”. Fria e distante, como se não fosse com ela.
― Boa noite. Posso te acompanhar?
Era um sujeito charmoso, camisa clara e calça escura, cabelo bem penteado e cheiroso. Finalmente poderia passar para o ato seguinte.
Conversaram, beberam, fumaram e se seduziram. Quando ele sugeriu irem para um lugar onde pudessem ficar mais à vontade, ela respondeu, como se já tivesse dito aquilo centenas de vezes:
― Eu cobro quatrocentos por uma hora e quinhentos por duas horas. Esse é o meu preço.
Agora ela e a personagem pareciam se fundir. Até ela se convenceu do que acabara de dizer. Ele pareceu um pouco desconcertado e ela leu em seus olhos: “mas eu nunca pensei que você...”. A vida era assim mesmo, cheia de surpresas, cheia de “nunca pensei que...”. Talvez por já estar tarde demais e ele, excitado demais, aceitou a proposta. Dali a minutos ela saberia o que, provavelmente, a puta que dera para o seu ex sentia todas as vezes em que trepava com clientes.
Já no motel, logo ao entrar no quarto, ele tirou a carteira do bolso, contou as notas e entregou a ela. Nesse momento, sentimentos contraditórios a invadiam... ela se sentia uma verdadeira puta, mas o dinheiro provocava uma volúpia nunca sentida antes; de certa forma, o dinheiro fazia com que se sentisse valorizada – estavam pagando caro para que ela fizesse o que sempre fizera de graça, por amor. Colocou as notas dentro da bolsa e ele comentou:
― Gosto de pagar antes para não ter a sensação de que transei com uma prostituta quando a gente se despedir.
Uma parte dela sentiu pena daquele homem, mas não podia fraquejar. Fez com que ele se sentasse na beira da cama, apagou as luzes, deixando apenas uma meia-luz que iluminava parte de seu corpo. De costas, ouvindo uma música invisível, ela começou a dançar como uma dançarina de boate de um filme que vira há anos. Começou a tirar peça por peça, lentamente, jogando-as para ele. Às vezes, ela olhava para ele por sobre os ombros e, quando percebeu que ele estava se tocando por cima da calça, sentiu um desejo imenso por ele. Ainda de costas, abriu o sutiã, tirando-o com suavidade, e ele pode ver a carpa azul que cobria o seu torso por completo. Estava fascinado. Ela continuou dançando com sensualidade, até que se virou de frente pra ele, mostrando os seios e acariciando-os com prazer. Abaixou a calcinha, devagar, e jogou-a para ele... agora ela estava apenas de sandálias de salto.
― Tira pra mim? – pediu.
E ele logo se pôs aos seus pés, sentindo seu cheiro de fêmea no cio, misturado com um perfume suave, agradável. Enquanto ele tirava suas sandálias, ela acariciava os cabelos dele. Ela o queria. Já sem sandálias, empurrou-o para a cama, e partiu para cima dele, ficando com as pernas em volta de sua cintura. Beijou-o, enquanto abria seu cinto e acariciava-o sobre a calça, sentindo todo seu desejo em suas mãos. Abriu o zíper, tirou-o para fora e chupou-o com vontade e sentia as mãos dele acariciando seus braços, suas mãos. Deixou que ele gozasse em sua boca – as boas profissionais deviam deixar, então, não se importou.
Aos poucos, ela tirou toda a roupa dele e ele a quis, primeiro, de quatro. Enquanto ele colocava a camisinha, ela se pusera de quatro para ele, seu sexo à mostra. Veio por trás, penetrou-a de uma só vez e, depois, com estocadas fortes. Passado algum tempo, ela começou a sentir prazer, gemia e falava algumas coisas sussurradas que ele não compreendia e acabou gozando primeiro que ele.
Depois de descansar, ele a quis de frente, de pé, contra a parede. Ela envolveu-o com um abraço, beijando-o, e ele a possuiu com vontade, sussurrando baixarias em seu ouvido, ao que ela gemia de prazer.
Antes de ir embora, foram para a banheira e se acariciaram bastante antes de transarem pela última vez. Ele sabia fazer massagem, ela ficou encantada. E ele, vendo-a ensaboada na borda da banheira, pensou que ela era a mulher mais linda que ele já tivera.
Quase não se falaram minutos antes da despedida. Cada um partiria em seu carro e provavelmente nunca mais se veriam.
Pronto. Era tudo. Não sentia mais nada. O ódio, a raiva, a indignação, a mágoa, a decepção, a personagem, tudo se esvaíra dela.
Escrito por Sumire