A Professora de Literatura
Fechou o livro sobre o colo e ficou me olhando da cama, através do espelho, para ver qual seria a minha reação.
Tive vontade de dizer: “Preciso ir ao banheiro”, mas eu tinha acabado de sair do banho e vir do banheiro. Eu estava mortificada pela timidez e pelo desejo. Nesse momento eu soube que, além de amá-la, eu também a desejava.
Havia alguns meses, ela viera para substituir a professora de literatura francesa que havia saído de licença para ganhar os gêmeos. Eu gostava muito de literatura, mas a professora fazia com que isso fosse uma tortura, pois tínhamos que decorar períodos, datas e nomes para as provas (então literatura na faculdade era a mesma merda que era no colegial?). Eu estava frustrada. Foi quando ELA surgiu na minha vida, ouviu os alunos e disse que tinha uma outra proposta para nós. Então eu soube que ainda tínhamos salvação.
Ela devia ter entre 35 e 40 anos, mas, de certa forma eu achava que ela também tinha uns 18, pois não nos olhava como se fosse a “rainha toda poderosa” e nós os seus súditos, como vários professores-doutores-de-merda costumavam fazer, e, ao invés de nos fazer decorar coisas, nos fazia pensar. Aquilo que ela estava fazendo comigo, com a minha cabeça e com meu espírito era impagável e eu a amava por isso. Ela tinha um certo fetiche pela cultura japonesa e me fazia várias perguntas sobre um monte de coisas e me olhava fascinada enquanto eu explicava o que sabia (para mim, normalidades, pois meus pais são japoneses e íamos vez ou outra para o Japão para visitar parentes).
Nesse dia tínhamos voltado de um congresso de Lingüística que acontecera em Campinas e ela oferecera carona, já que eram duas da madrugada e ela morava no mesmo bairro onde ficava a minha república. Quando cheguei ao prédio, cadê a chave?? E ninguém atendia o interfone.
— Criança, entra no carro. Você pode dormir na minha casa hoje.
Na hora me veio um comentário feito por uma colega: “Sabia que todas as professoras de literatura são sáficas?”. Será mesmo? Eu ia saber dali a pouco.
Ela continuou me olhando pelo espelho, enquanto eu terminava de passar creme e me ajeitava para dormir... na cama de casal dela... ao lado dela... Acho que ela esperava que eu comentasse o trecho do livro que discutiríamos na terça que vem, mas eu não sabia o que dizer.
— Já leu essa parte? – ela perguntou.
— É um pouco apelativo – comentei, sem muita convicção.
— Por quê?
— Porque acho que ela só escreveu isso para vender... acho que a Régine Deforges não tem compromisso nenhum com a literatura, ela não me diz nada, não me acrescenta nada. Não vejo a hora de a gente discutir Marguerite Duras.
Eu havia sentado na beira da cama, quando notei que ela me olhava daquele mesmo jeito que ela costumava olhar quando eu falava sobre a cultura japonesa.
— Você vai dar uma ótima crítica literária.
— Crítica, sim, literária, não sei.
Ela continuava me fitando e então eu disse que ia me deitar.
— Claro, fique à vontade.
Como eu estava cansada, acabei adormecendo rápido. Quando acordei, a luz do poste entrava pela cortina e senti sua mão sobre a minha coxa. “Devo estar sonhando.” Olhei para ela, que permanecia com os olhos fechados. Estaria mesmo dormindo? Tive vontade de beijá-la, de acariciá-la. Me aproximei e beijei sua boca de leve.
— Por que não continua? – perguntou, olhando para mim.
Levei um susto.
Ela então tirou a mão da minha coxa e passou-a pelo meu cabelo. Fechei os olhos para sentir melhor o prazer daquele momento. Eu sentia meu coração batendo rápido... tum-tum-tum-tum. Como eu a desejava! Abri os olhos e me aproximei de seus lábios. Beijei-a devagar, depois contornei seus lábios com a língua e introduzi-a em sua boca até encontrar sua língua. Nos beijávamos calorosamente enquanto ela passava sua mão entre as minhas coxas, acariciando a minha xaninha por cima da calcinha. A minha mão adentrou sua camisola e pude sentir seus mamilos durinhos. Ajudei-a a tirar a camisola e depois continuamos a nos acariciar; ela colocou a mão dentro da minha calcinha, lubrificou os dedos no meu líquido e deslizou-os em meu grelinho já intumescido. Tirou minha calcinha e minha camisola e eu aproveitei para tirar sua calcinha. Ela conduziu minha mão entre as pernas dela e fez com que eu a penetrasse com dois dedos e, enquanto eu fazia movimentos de vai-e-vem, ela me masturbava com os dedos. Depois ficou com uma perna de cada lado do meu quadril, por cima de mim, chupou meus seios e lambeu todo o meu corpo até chegar na xaninha. Passou a língua no meu grelinho túmido e no meu cuzinho. Pedi pra ser penetrada e ela o fez com os dedos enquanto continuava a me chupar. Senti quando ela penetrou de leve um dedo no meu cuzinho, gemi baixinho. Depois ela voltou a lamber o meu grelinho e eu gozei na boca dela. Eu estava entorpecida de prazer e me recuperando, quando ela se levantou e foi até o guarda-roupa... voltou com uma calcinha com dildo de silicone. Eu nunca tinha visto aquilo na vida. Pediu para que eu vestisse e a penetrasse. No início hesitei, mas fui dominada pelo desejo e não resisti. Ela se deitou novamente, acariciei todo seu corpo, abri delicadamente suas pernas e depois sua xaninha com os dedos, chupei seu grelinho inchado e vermelhinho, penetrei-a com um dedo, lambendo-a um pouco mais e depois introduzi a ponta do dildo nela. Tudo era novo para mim e eu me sentia desajeitada, mas, vendo que ela sentia prazer com aquilo, introduzi lentamente o resto do dildo para dentro dela e continuei fazendo movimentos de vai-e-vem, enquanto masturbava-a com os dedos. Ela gemia de prazer e eu me sentia cada vez mais excitada com o prazer dela. Até que ela explodiu em um orgasmo trêmulo e sem palavras. Enquanto eu tirava a calcinha com o dildo, me puxou para si, deu um beijo na minha testa e disse:
— Já está na hora de criança dormir.
Fingi para mim mesma que ela não iria embora para dar aula em outra universidade, em outra cidade, no mês seguinte e dormi em seu abraço de ninar.
Escrito por Sumire